segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Harry Potter e o Enigma do Príncipe: O que pensar ?

Após rever Harry Potter e o Enigma do Príncipe, minha mente tenta trabalhar para entender o que realmente sinto em relação à essa adaptação. O problema da versão cinematográfica começa ainda com o livro, não que este seja seja ruim (muito ao contrario). Desde o inicio da saga do bruxo, as tramas são alegres, com pitadas de tons darks. A partir de O Cálice de Fogo, a trama evolui, e ganha aspectos sombrios e adultos. Mas no sexto livro, o ar sobrecarregado que envolve o mundo da magia, agora que Lord Voldemort retornou nos eleva para um constante estado de medo, medo esse que sentimos de que algo aconteça com nossos queridos personagens. 
Logo, adaptar um livro com mais de 500 páginas já não é algo que Hollywood entenda bem. Citando apenas um exemplo, nem a adaptação da trilogia O Senhor dos Anéis (que com suas mais de 9 horas de duração) conseguiu transportar todo o conteúdo que Tolkien imaginou (por isso defendo veementemente que livros só deveriam ser adaptados para a TV (à exemplo de Game of Thrones, série baseada nos livros de George R.R. Martin). 
Voltando um pouco no tempo, antes do inicio da filmagens de Harry Potter e a Ordem da Fênix, os fãs se perguntavam se o livro com mais de 800 páginas poderia dar um bom resultado nas telonas, e após o longa ser lançado, David Yates mostrou que conseguia 'resumir' (odeio essa palavra) a trama. Com erros e acertos, o filme agradou a maioria dos potterianos. Mas então, o problema da próxima adaptação da saga começou. 
Primeiramente em 2008, quando a Warner Bros. adiou a estréia do longa para o ano seguinte, causando revolta mundial, mas não que a empresa estava insatisfeita com o resultado final, e sim porque neste ano Batman - O Cavaleiro das Trevas estreou, arrecadou mais de 1 bilhão nas bilheterias e conquistando público e crítica. Sendo assim, os cofres da Warner já estavam cheios, e como qualquer coisa que envolva Harry Potter gera ainda mais dinheiro a solução foi obvia: com a intenção de arrecadar no próximo ano, a empresa adiou a estreia do filme. 
Quando estava no cinema, foi a primeira vez que fiquei com uma sensação de não saber o que pensar (como é percebível que até hoje sinto isso). A cena de abertura, com Harry (Daniel Radcliffe) e Dumbledore (Michael Gambon) sendo assediados por jornalistas no Ministério da Magia, juntamente com a trilha sonora foi simplesmente de arrepiar. Logo em seguida, os Comensais da Morte sequestrando Olivaras e destruindo a Millennium Bridge foi uma cena de ação um pouco exagerada, mas ainda sim bem feita, com exceção dos mesmos não voarem nos livros, mas que na certa os roteiristas acharam que funcionaria melhor desta maneira no cinema. 
Próxima parte, Harry sentado em uma lanchonete trouxa lendo o Profeta Diário! em um lugar cheio de trouxas! E fica pior, com a entrada de uma moça dando em cima do herói (cena muito ruim). Dumbledore e Harry indo visitar Horácio Slughorn (Jim Broadbent) é bem melhor (Repare na revista que Dumbledore segura, nela J.K. Rowling está na capa!). Outro grande acerto no elenco, foi a escolha da atriz para o papel de Narcisa Malfoy (Helen McCrory). Mais adiante, quando Draco (Tom Felton) deixa o protagonista caído no chão do Expresso, é Luna (Evanna Lynch) que o encontra, e não Tonks (Natalia Tena) como no livro (Será que custaria tanto assim apenas trocar as atrizes?) 



O discurso de Dumbledore sobre o mal tentando penetrar na escola é inspirador, e aqui novamente a trilha sonora faz um belíssimo trabalho. Saltando um pouco, desde O Prisioneiro de Azkaban que não tínhamos um jogo de Quadribol nos filmes, e aqui tenho a confirmação de que esse é o melhor esporte que existe! (mesmo não existindo). As cenas envolvendo o estádio, são grandiosas e bem construídas. Já as cenas dos  "passeios" de Harry com o diretor na Penseira não foram bem elaboradas, em especial por não terem dado à atenção devida para o anel de Servolo Gaunt. Mas a visão de um pequeno Tom Riddle foi interessante, juntamente com um Alvo mais novo. 




O lado cômico foi adicionado em doses certas neste filme (destaque para Rupert Grint), ao contrário de O Cálice de Fogo. Durante o jantar realizado por Slughorn, Hermione (Emma Watson) tenta explicar que seus pais trouxas são dentistas, algo que ficou realmente muito engraçado. Falando no novo professor de Poções, a cena de sua festa é hilária, com boa parte do elenco entrando atrás da cortina. Algo que também não teve muita atenção foi a relação de Harry com o livro do Príncipe, que apenas aparece hora aqui, outra lá. 
Os relacionamentos amorosos ganharam muito destaque na adaptação, mas nada do namorico de Gina (Bonnie Wright) com Harry ser mostrado, apenas com um rápido beijo de ambos. Logo uma das cenas mais ridículas (se não a maior) da saga, à Toca sendo destruída pelos Comensais da Morte! (???). O livro já teria problemas para ser adaptado com as coisas existentes nele, então qual foi a real necessidade de ficar inventando acontecimentos que Rowling não escreveu ? 
Uma das minhas cenas mais esperadas, era a de Draco recebendo um Sectumsempra de Harry, com a Murta Que Geme berrando ao fundo. Mas a cena deletou a personagem, e colocou um Snape (Alan Rickman) entrando do nada no banheiro. Quando Harry vai esconder o livro do Príncipe, nada também do diadema de Ravenclaw ser mostrado, algo mal pensado, já que nos filmes seguintes o objeto ganharia uma grande importância. 
Aragogue morto, com Hagrid (Robbie Coltrane) e Canino ao lado, sem dúvida é uma das cenas mais emocionantes dos filmes, nos lembrando instantaneamente da Acromântula em seu auge em A Câmara Secreta, e tentando dizer: 'Sim a saga está chegando ao fim..." 




A cena com que tinha mais expectativa no longa, era sem dúvida à da caverna, e pelo trailer já dava para imaginar que seria incrível. Mas antes dela, eis que Dumbledore nos "brinda" com uma frase terrível: que sendo quem é, tem certos privilégios, como poder Desaparatar em Hogwarts! (Neste momento, uma amiga e eu ficamos revoltadíssimos na sala de cinema). Já indo para sua parte final, quando diretor e aluno chegam na costa, com um mar furioso agitando ao redor, que faz os olhos se encherem. Dumbledore se recusando à beber da poção, e o ataque dos Inferi, sendo completada com a trilha sonora (que aqui sim mostra ser fenomenal!) é de ficar sem pensar, respirar e querer apenas ficar admirando à cena (pena ser muito rápida). 




E chegamos a tão esperada cena, da torre atingida pelo raio. Nada de Harry sob a capa da invisibilidade (???), mas Tom Felton atua bem nesta hora. indiscutivelmente Snape conjurando um Avada Kedavra é magnífico. Após isso, tudo se passa muito depressa, desde Alvo caindo da torre, até Belatriz (Helena Bonham Carter) destruindo as vidraças do salão principal. Não temos Canino latindo dentro da cabana de Hagrid, quando a mesma esta ardendo em chamas, e Harry enfim tomando uma atitude e correndo atrás do Príncipe. Não temos também um funeral digno que Dumbledore merecia no filme (ou melhor, nem temos um funeral!), sendo substituído por alunos e funcionários de Hogwarts levantando suas varinhas (e Hagrid nem esta chorando no filme!). Ao final, temos Harry e Hermione falando de namoro (???), e no último ato, o lamento da fênix (cena que ficou muito tocante).




Com tudo isso, não sei bem o que dizer sobre essa adaptação. O Enigma do Príncipe é um dos meus livros preferidos da série, sua adaptação não era garantia de sucesso, como os fãs já esperavam. Tecnicamente o filme é perfeito, atuações, caracterização, maquiagem, principalmente falando da trilha sonora (destaque para a música "In Noctem"). Mas o grande calcanhar de Aquiles aqui foi o roteiro, que deixou grandes buracos sem preenchimento, cenas inventadas desnecessariamente (e sem acrescentar nada de importante para a trama). A fotografia do longa é incrivel (tanto que foi indicada na categoria de Melhor Fotografia no Oscar de 2010) com seus tons de expressionismo alemão. 
David Yates, diretor responsável pelas adaptações desde a Ordem da Fênix, em minha opinião foi a melhor coisa para a série nos cinemas (seguido por Alfonso Cuarón, diretor de O Prisioneiro de Azkaban), ele foi o principal responsável por elevar o nível dos filmes da saga, ajudando a tirar aquela errônea ideia de que Harry Potter é "coisinha para criança", além de mostrar a alma da trama, e dar mais profundidade aos personagens, algo que Hollywood não está se lembrando em fazer nos últimos anos. 


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